Narcisismo
- Brunna Oliveira
- 16 de ago. de 2020
- 4 min de leitura

A palavra “narcisismo” faz referência a um mito/lenda bem antigo cultuado na Grécia. De acordo com ele, Narciso era um rapaz muito belo. Certo dia, seus pais procuraram um oráculo para descobrirem o futuro de seu filho e souberam que ele teria uma vida longa caso não visse o seu próprio rosto. Porém, em um dia, encontrou um lago e vou sua imagem refletida nele, se apaixonou por ela e ali morreu.
O narcisismo, portanto, aparece na coletânea de Freud a partir de 1910, onde ele usa o termo para designar a escolha do objeto na homossexualidade. Nessa época, Freud acreditava que rapazes que se ligavam muito com a mãe, ao escolher seu objeto de amor fora de sua casa, tal qual vimos na fase do Complexo de Édipo, procuravam alguém que refletisse sua imagem (de forma inconsciente).
A partir de maiores estudos e descobertas realizadas em ambiente analítico, o psicanalista começa em 1914 um estudo aprofundado acerca desse assunto, fazendo uso deste termo para explicar as psicoses. Ele acreditava que as psicoses não eram tratadas pela psicanálise, porque nestes casos, há uma retirada da maior parte do investimento libidinal externo, o retornando para o seu Ego (sí-mesmo). Assim, o individuo cria uma realidade paralela e volta a si-mesmo (o que também poderia explicar outras doenças, como a hipocondria, delírios de grandeza, e afins).
Portanto, Freud chega ao ponto de partida, de que o Narcisismo retrata a tendência do indivíduo de alimentar uma paixão por si mesmo, uma retirada de libido para investimento extremo no próprio Eu. Segundo ele, isso acontece com todos até um certo ponto, a partir do qual deixa de ser saudável e se torna doentio, conforme os parâmetros psicológicos e psiquiátricos.
De acordo esse autor, existem dois tipos de narcisismo (PS: farei uma breve inversão sobre esses dois tipos de Narcisismo para fins de estudo e por conta de uma nova teoria a qual se encaixa, como verão melhor abaixo):
o Secundário:
Este tipo de Narcisismo propõe que originalmente a libido está no mundo externo, preferencialmente em pessoas, porém o individuo faz uma retirada dessa libido para si mesmo e seu próprio Ego.
Esse tipo de Narcisismo ocorre tanto na normalidade, quanto em patologias, mas é necessário lembrar que a forma quantitativa dessa retirada libidinal é o que impacta sobre essa diferenciação.
É possível exemplificar isso utilizando a doença, pois a pessoa precisa voltar o olhar para si mesma momentaneamente e enquanto está doente, para que assim consiga se recuperar. Da mesma forma acontece com o sono, para que possamos dormir, é necessário que nos desliguemos do mundo, para assim nos recolher, ter um momento introspectivo e dormir.
Esse tipo de Narcisismo também pode ser considerado dentro de um dinamismo psicológico ao qual recorremos ao longo da vida.
e o Primário:
Postula a existência de um estado precoce em que a criança ou bebê investe toda a sua libido em si mesmo, onde ela acaba sendo o centro de seu próprio mundo sob seu olhar. Neste caso, o bebê cria um delírio, acreditando que toda a sua satisfação foi criada por ele mesmo.
Isso acontece, porque o bebê está envolto sob uma simbiose de mãe-bebe, onde ele não tem noção de que existe um interno e um externo, ou seja, ele acredita que sua mãe é parte dele mesmo. Dessa forma, o seu Ego real vai se equiparar a um ideal onde ele acredita em sua onipotência.
Este Narcisismo, então, passa a contemplar a teoria de Freud com uma divisão maior de conteúdo, pois foi a partir dele que o autor conseguiu encontrar e realizar uma nova diferenciação da Libido. Antes, a libido que se encontrava apenas em um objeto de fora (Libido Objetal), ao qual era um objeto de amor de escolha do próprio ser, agora passa a contemplar não só este tipo, como também um novo, denominado Libido do Ego. Essa nova descoberta propõe dentro da teoria freudiana que há uma libido voltada para nós mesmos, além da voltada ao outro, e a partir daí sofre uma diferenciação.
Ambas possuem a mesma energia, porém funcionam em proporções contrárias, oscilando entre si (ou seja, é retirada energia de uma e encaminhada para a outra, e vice-versa, assim sucessivamente e de acordo com as necessidades de cada momento e pessoa).
Um exemplo disso é a paixão, pois retiramos a libido do nosso Eu (Ego) e investimos na nossa libido objetal, investindo essa libido em um objeto de amor. Quando é realizada essa função, é possível perceber que o objeto de amor fica muito importante, idealizado e valorizado, deixando a nossa libido de Ego mais "fraca". É legal frisar que esse processo é dinâmico, com relação à proporção investida em cada coisa.
Dessa forma, acabamos tendo mais uma brecha na teoria Freudiana, nos levando a mais um embate e dúvida, "com essa nova informação, como fica a primeira teoria das pulsões (Ego vs. Sexuais)?"
Podemos imaginar que as pulsões entram em conflito com as pulsões do Ego (de auto-conservação), porém Freud traz que as Pulsões do Ego continuam sendo as de conservação, já as pulsões Sexuais passam agora a não só englobar a libido objetal, como a do Ego também, pois as duas representam libido investidas.
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Espero que tenham gostado, e até a próximo post!
Um beijo, xo
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